sábado, 2 de outubro de 2010

Dicas de auto-ajuda da Dona Bernarda: “É como ó Sócrates...”

A vida quotidiana e o relacionamento com os outros tornam cada vez mais importante para o ser humano ser aceite no seio de um grupo ou contexto social. O Homem, como ser social, necessita do olhar de aceitação do parceiro, que o faz sentir-se integrado e parte de um todo. Mas há pessoas que pela sua natureza, um bocado mais chatinha que o habitual, não se conseguem integrar e relacionar com os seus semelhantes. A Dona Bernarda descobriu uma maneira de tornar, para estas pessoas, o mundo numa família...

Se queres ter piada em qualquer circunstância, mesmo que o momento nao seja o ideal, basta usar esta frase considerada por todos como mais alto gracejo (e a Dona Bernarda não sabe porquê): "É como ó Sócrates...". Tu mandas um “É como ó Socrates” bem mandado e no sítio certo e metes toda a gente à tua volta em sonora gargalhada. A palavra Sócrates está para o português como o chocalho das chaves está para o bebé... ninguem sabe porque é que mete piada, mas que ele se ri, ri-se...

Ora, perguntarão os caros leitores: “E, Dona Bernarda, resultará esta fórmula sempre?” Quase sempre, até nas situaçoes menos passíveis de acontecer riso... Imagine-se, caro leitor, num funeral e alguém diz daquelas coisas que se não forem ditas o funeral não bomba: “Era tão boa pessoa!!! E agora está morto!” Qual é a resposta?: “É como ó Socrates”... E tcharam... nada como animar este evento deprimente com uma boa analogia politica. Imagina-te a trabalhar num supermercado e um cliente irritado vem ter contigo gritando: “Estes iogurtes estão fora de prazo!!!” E tu resolves a situação amenizando o ambiente com um sorridente “É como ó Socrates...” Passarás um bom momento com o cliente que levará os iogurtes, até fora de prazo, e ainda te deixará ficar com os três centimos do remate do troco. Ou então estás numa esplanada, pedes uma cerveja e o senhor responde: “Tá pouco gelada” “É como ó Socrates” Faz algum sentido? Não. Mas não faz mal, falaste no Primeiro Ministro!!!...

A vantagem desta frase é que as pessoas passam a olhar para ti com ar de respeito, porque se tu sabes quem é o Sócrates e sabes que alguma coisa é como ele, só podes ser uma pessoa extremamente culta e politicamente bem informada... Caso contrário usarias expressões mais vulgares como “vai lá vai, que até a barraca abana” ou até o saudoso e já não tão usado “Queres dinheiro, vai ao Totta”... Expressões estas mais brejerias e popularuchas com um claro cariz sexual... Mas tu não... tu sentir-te-ás a fazer parte de uma elite, mesmo que não consigas depois desconstruir o que acabaste de dizer. O que também não interessa, porque ninguem o pedirá... com esta expressão há garantias de gargalhada mundana sem perguntas ou interrogações sobre o sentido da mesma...

A Dona Bernarda, pelo seu espirito benevolente (e por causa do serviço comunitário) tem o prazer de dar a conhecer a frase ideal para fazer qualquer idiota sem piadinha nenhuma e sem conhecimento sobre a arte dos atacadores dos sapatos, parecer um intelectual de esquerda que até compra o Expresso para ter em cima da mesa do café...

Não me agradeçam, espalhem a palavra... Fazer um qualquer tótó sentir-se importante é um bocadinho o dever de todos nós...

3 comentários:

  1. Muito bom Dona Bernarda, mesmo muito bom.

    E fez-me lembrar a ideia do cagalhão seco.
    Confusos? Mim explica...
    Lembram-se do Bagão Félix?

    Estão a passear em 2002, num qualquer passeio de uma qualquer cidade portuguesa, e de repente pumba! toma lá Durão Barroso na carola. É o mesmo que dizer pumba! toma lá cagalhão no meio do passeio. E com essa visão, do cagalhão, em espiral, qual bolinho, fresco e viçoso que nos para e dizemos com a maior das eloquências: "cuidado para não pisar! essa merda é merda mesmo" e evitamos o dito.

    Depois do dito ter fugido e ter ido para um sítio onde conseguia melhores colégios para os peixinhos dele então começam as piadas, de cherne, de isto e daquilo.
    O importante foi evitar a merda que estava ali, á nossa frente, á vista de todos. E ninguêm sabe, nem quer saber, como é que um cagalhão humano vai parar ao meio do passeio...

    Mas escondido, e já a secar pelo caminho, está um outro cagalhão... Meio esbranquiçado, algo desfeito. "está seco, já não cola ao sapato" diz-se, e prossegue-se a viagem.
    Uns evitam o cagalhão seco, muitos outros ignoram...

    O Bagão Félix trabalhou toda a sua vida dividido entre seguros e bancos. E como todos nós sabemos que as seguradoras e os bancos só querem o nosso bem, então, é fácil perceber o porquê de todas as leis que foram lançadas nos seus mandatos. Claro, era tudo inofensivo... "esta conversa de finanças e leis do trabalho é muito chata, vou continuar a andar"

    ...e a dada altura o cagalhão seco é pisado..
    "merda para esta merda! o gajo ainda está vivo!!!"

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  2. Muito bom.
    Tenho em mim que falar do sócrates resulta sempre porque as pessoas têm tendência a fazer exactamente o que o meu cão faz quando vê um gato: ladra ladra, fica todo eriçado e depois faz de conta que está a ladrar em frente , na direcção do gato, mas por acaso ele nem tinha reparado que este lá estava. (não fosse ele , que até é mais franzino e delicado dar-lhe uma unhada nos olhos) . ele (o cão) é que nem o viu , senão...

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